O TEMPO DO ADVENTO

Escrito por Padre Alex (pároco da Paróquia Santa Madalena Sofia Barat) e Andreia Silva (Coordenadora de Liturgia da Paróquia Santa Mônica, Arquidiocese de Londrina)

Neste último domingo iniciou-se o Tempo do Advento! E para entender melhor esse período tão importante em nossa Igreja, iremos explicar de forma clara e simples aqui no blog. Confira!

“O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que comemoramos a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, se voltam os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por esse duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa expectativa da vinda do Messias, além de se apresentar como um tempo de purificação de vida.”

(Instrução Geral do Missal Romano, página 106)

O tempo do Advento inicia-se quatro domingos antes do Natal e termina na tarde do dia 24 de dezembro, desembocando na comemoração do nascimento de Cristo. É um tempo de festa, mas de alegria moderada.

No Advento a cor litúrgica é o roxo sendo que no Gaudete (3º Domingo do Advento) pode-se usar a cor rosada.

Curiosidades sobre a Coroa do Advento

Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de São Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania.

Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos. Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

A Coroa, um círculo sem início e sem fim, simboliza a vida e a esperança. As velas representam os séculos de escuridão, cada uma aumentando a luz até o Natal.

As Velas da Coroa do Advento possuem uma ordem que devem ser acesas, começando pelo primeiro Domingo do Advento (quatro domingos antes do Natal):

1° Verde
Deve ser acesa no primeiro domingo do advento (quatro antes do Natal) representada pelo verde que é a esperança que é trazida pelos profetas que anunciam a vinda do Messias.

2° Vermelha/Roxa
A segunda vela a se acender, a cor vermelha que representa o amor de Deus, também representa a anunciação feita por João Batista

3° Rosa
O roxo durante o advento representa a alegria da chegada do Senhor que se aproxima cada vez mais. 

4° Branca
A vela que representa a pureza do Branco, além da luz que vem da Virgem Maria, na chegada de seu filho O Messias.

Gradativamente vão sendo clareados os tons, como que expressando a alegria cada vez mais próxima do nascimento do Salvador, a Luz eterna. Ao redor do círculo, há os ramos de cipreste e uma tira vermelha: símbolo da vida nascente (sangue) do Senhor Jesus, na manjedoura. As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas.

Existem diferentes tradições sobre os significados das velas. Uma bastante difundida:

A primeira vela é do profeta;
A segunda vela é de Belém;
A terceira vela é dos pastores;
A quarta vela é dos anjos.

Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim:

A primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
A segunda é a vela da fé dos patriarcas que creem na promessa da Terra Prometida;
A terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
A quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.

Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:

O tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
O tempo dos patriarcas;
O tempo dos reis;
O tempo dos profetas.

A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história. O círculo indica o sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando a vida. Para os cristãos este sol é símbolo de Cristo.

Desde a Antiguidade, a coroa é símbolo de vitória e do prêmio pela vitória. Lembremos a coroa de louros, a coroa de ramos de oliveira, com a qual são coroados os atletas vitoriosos nos jogos olímpicos.

Os ramos verdes que enfeitam o círculo costumam ser de abeto ou de pinus, de cipreste. É símbolo nórdico. Não perdem as folhas no inverno. É, pois, sinal de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte. Para nós no Brasil este elemento é um tanto artificial e, por isso, problemático, menos significativo, visto que celebramos o Natal no início do verão e com isso não vivenciamos esta mudança da renovação da natureza. Por isso, há uma tendência de se substituir o verde por outros elementos ornamentais do círculo: frutos da terra, sementes, flores, raízes, nozes, espigas de trigo.

Deixe um comentário